Através
de estudos realizados em campos de dunas impactados pela implantação de usinas
eólicas, constatou-se impactos negativos de elevada magnitude. Verificou-se
também que foram potencializados na fase de operação. À continuação uma síntese
dos impactos:
1.
Desmatamento das dunas fixas
2.
Soterramento de dunas fixas pelas atividades de terraplenagem
3.
Soterramento de lagoas interdunares
4.
Cortes e aterros nas dunas fixas e móveis
5.
Áreas a serem terraplenadas para a construção das vias de acesso
6.
Introdução de material sedimentar para impermeabilização e
compactação
do solo
7.
Instalação dos aerogeradores
8.
Destruição de sítios arqueológicos
A
implantação das usinas eólicas sobre os campos de dunas, a exemplo do realizado
nas dunas do Cumbe, foi fundamentalmente associada ao fator altitude em relação
ao nível do mar e disponibilidade dos ventos. Em média, as dunas do estado do
Ceará encontram-se a 50m acima da linha de praia, o que facilita a captação do
vento com menores índices de rugosidade (turbulência das massas de ar em
contato com o relevo terrestre). Desta forma, o principal indicar locacional
nos parece ser o relacionado à altitude da superfície receptora dos
aerogeradores, em detrimento da proteção dos componentes morfológicos, serviços
ambientais e ecossistemas associados aos campos de dunas.
É importante salientar que o mapa de potencial para a produção de energia eólica publicado pela ANEEL em 2003, define uma larga faixa costeira com excelente potencial para a implantação de usinas eólicas, ultrapassando o campo de dunas e sobre a unidade geoambiental denominada de tabuleiro litorâneo. O conjunto das ações de degradação dos campos de dunas do Cumbe já interfere diretamente nos processos ambientais relacionados com a dinâmica dos campos de dunas, suprimindo funções que se integram com os demais sistemas ambientais costeiros. Desta forma, com os impactos promovidos pela instalação e operação das usinas eólicas sobre as dunas fixas e móveis e emlocais antes ocupados por lagoas interdunares, poderão ser suprimidas funções e serviços
relacionados com:
É importante salientar que o mapa de potencial para a produção de energia eólica publicado pela ANEEL em 2003, define uma larga faixa costeira com excelente potencial para a implantação de usinas eólicas, ultrapassando o campo de dunas e sobre a unidade geoambiental denominada de tabuleiro litorâneo. O conjunto das ações de degradação dos campos de dunas do Cumbe já interfere diretamente nos processos ambientais relacionados com a dinâmica dos campos de dunas, suprimindo funções que se integram com os demais sistemas ambientais costeiros. Desta forma, com os impactos promovidos pela instalação e operação das usinas eólicas sobre as dunas fixas e móveis e emlocais antes ocupados por lagoas interdunares, poderão ser suprimidas funções e serviços
relacionados com:
1.
Controle da erosão
2.
Alterações na dinâmica hidrostática e disponibilidade de água doce do aqüífero
dunar
3.
São alterados os benefícios derivados dos processos ecológicos
4.
Funções relacionadas com a extinção de suporte físico associado às dunas,
planície de aspersão e lagoas interdunares (conseqüentementeaos demais ecossistemas
costeiros associados), são suprimidas através das profundas transformações topográficas e as atividades de cortes e aterros.
planície de aspersão e lagoas interdunares (conseqüentementeaos demais ecossistemas
costeiros associados), são suprimidas através das profundas transformações topográficas e as atividades de cortes e aterros.
5.
Os serviços econômicos relacionados com os atrativos naturais (paisagem,
ecodinâmica,
biodiversidade) que orientam a tomada de decisão para a implantação de atividades turísticas sustentáveis, turismo comunitário e ecoturismo, serão minimizados.
biodiversidade) que orientam a tomada de decisão para a implantação de atividades turísticas sustentáveis, turismo comunitário e ecoturismo, serão minimizados.
6.
Irreversibilidade das reações ambientais vincula das ao processo contínuo de
alteração da dinâmica dos campos de dunas.
7.
Fragmentação dos serviços ambientais relacionados com a integração das dunas
com os demais ecossistemas.
8.
Supressão dos serviços vinculados ao amortecimento das conseqüências do
aquecimento global previstas pelo relatório publicado pelo IPCC
(Intergovernmental Panel on Climate Change) em fevereiro de 2007.
9.
Extinção e/ou danos irreversíveis ao principal sítio arqueológico, danos de
elevada magnitude à pesquisa científica. Perda de informação arqueológicas
imprescindíveis à compreensão do processo de povoamento do litoral cearense.
Com a importância dos serviços ambientais e a manutenção dos aspectos
ambientais demonstrados acima (dinâmica morfológica das dunasmóveis, cobertura
vegetal das dunas fixas e seus potenciais de amortecimento das conseqüências previstas pelo aquecimento global), a utilização generalizada das dunas, deverá
ser precedida da realização de estudos integrados para a definição dos impactos
cumulativos e alternativas locacionais.
Verificou-se também que os estudos realizados para a implantação destes equipamentos
industriais sobre áreas de preservação permanente, levaram em conta somente os indicadores de “potencial eólico” (em escala regional) sem a realização de estudos para a determinação das interferências relacionadas com os aspectos enumerados à continuação:
Verificou-se também que os estudos realizados para a implantação destes equipamentos
industriais sobre áreas de preservação permanente, levaram em conta somente os indicadores de “potencial eólico” (em escala regional) sem a realização de estudos para a determinação das interferências relacionadas com os aspectos enumerados à continuação:
1.
Conjunto de impactos negativos provocados por alterações na morfologia dos
campos de
dunas móveis e fixas e interferências no processo de migração desencadeados na fase de
implantação dos aerogeradores.
dunas móveis e fixas e interferências no processo de migração desencadeados na fase de
implantação dos aerogeradores.
2.
Conjunto de impactos negativos introduzidos na fase de implantação e
relacionados
com a degradação de ecossistemas de preservação permanente associados ao campo de dunas.
com a degradação de ecossistemas de preservação permanente associados ao campo de dunas.
3.
Conjunto de impactos negativos integrados com as fases de implantação e
operação para viabilizar a continuidade de implantação e monitoramento dos
aerogeradores com a construção de uma elevada densidade de vias de acesso (com
o tráfego de caminhões, tratores e gruas), manutenção das vias de acesso
(utilizadas na fase de operação para o monitoramento e conservação dos
aerogeradores) e as áreas destinadas aos equipamentos de controle e
acompanhamento dos aerogeradores;
4.
Os impactos negativos relacionados com os ruídos dos rotores, os visuais e
interferências nas rotas de aves migratórias são acrescidos com os promovidos
pelo tráfego de veículos (coleta de dados e manutenção dos aerogerados), de
tratores para a retirada dos corpos dunares que migram na direção dos
aerogeradores e vias de acesso e manutenção constante das áreas fixadas
(impedir a movimentação das areias sobre as vias de acesso e demais
edificações).
5.
As evidências arqueológicas definidas em vários campos de dunas serão
profundamente impactadas, com prejuízos incalculáveis para a pesquisas
relacionadas com a ocupação da zona costeira.Este conjunto de impactos
negativos deverá ser utilizado para redirecionar o processo de licenciamento de usinas eólicas para setores não ocupados por dunas móveis e fixas. Constatou-se
que o elevado número de impactos negativos, não foi evidenciado, tanto pelo
empreendedor como por parte do órgão licenciador, mesmo para a emissão de
licenças a partir dos Relatórios Ambientais Simplificados (RAS). Constatou-se ainda, através dos estudos realizados por diversos pesquisadores da zona
costeira e dos ecossistemas associados, que certamente os impactos ambientais
serão potencializados na fase de operação dos equipamentos (continuidade da
alteração dos componentes ambientais e ecológicos do campo de dunas e demais
sistemas litorâneos e estuarinos). Esta seqüência de danos ambientais em áreas
de preservação permanente (APP’s), demonstra a fragilidade do instrumento de
licenciamento utilizado para emissão da licença de instalação das usinas
eólicas. A complexidade do conjunto de morfologias impactadas pelo desmonte de
dunas fixas e móveis e a continuidade dos impactos na fase de operação
(principalmente para controlar o processo de migração natural das dunas na direção dos aerogeradores , rede de vias de acesso e de monitoramento dos cabos subterrâneos e demais equipamentos projetados), demonstraram que o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) foi completamente inadequado .A definição e avaliação dos impactos, aqui tratados de forma resumida, demonstraram que as intervenções já realizadas nas dunas para a instalação das usinas, promoveram danos socioambientais de elevada magnitude.Portanto, com a constatação da inexistência de alternativas locacionais,levando em conta a aplicação da legislação que definem as APP’s, manutenção da dinâmica das dunas e preservação da diversidade de paisagens (com as funções e serviços socioambientais) e da biodiversidade vinculada à planície costeira, o discurso da “energia limpa”, propalado pelos empreendedores, está completamente desassociado da proteção e preservação de um dos mais importantes sistemas ambientais da zona costeira cearense.Finalmente, as comunidades tradicionais litorâneas, indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de camponeses, usuárias ancestrais da biodiversidade e da diversidade de paisagens, dependentes diretamente da qualidade ambiental para a continuidade de suas atividades de subsistência,mais uma vez estão sendo submetidas a injustiças ambientais. Como estão cada vez mais articuladas com instituições de pesquisa, associações nacionais e internacionais de proteção do meio ambiente, devem ser amplamente consultadas e suas propostas de conservação e preservação dos ecossistemas costeiros,
plenamente incorporadas na tomada de decisão para a implantação das usinas eólicas, principalmente quando se constata a utilização inadequada de áreas de preservação permanente e a promoção de danos de elevada magnitude aos modos de vida comunitário e à base ecológica, cultural, histórica, simbólica e econômica que promovem a qualidade de vida e ambiental da zona costeira cearense.
(principalmente para controlar o processo de migração natural das dunas na direção dos aerogeradores , rede de vias de acesso e de monitoramento dos cabos subterrâneos e demais equipamentos projetados), demonstraram que o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) foi completamente inadequado .A definição e avaliação dos impactos, aqui tratados de forma resumida, demonstraram que as intervenções já realizadas nas dunas para a instalação das usinas, promoveram danos socioambientais de elevada magnitude.Portanto, com a constatação da inexistência de alternativas locacionais,levando em conta a aplicação da legislação que definem as APP’s, manutenção da dinâmica das dunas e preservação da diversidade de paisagens (com as funções e serviços socioambientais) e da biodiversidade vinculada à planície costeira, o discurso da “energia limpa”, propalado pelos empreendedores, está completamente desassociado da proteção e preservação de um dos mais importantes sistemas ambientais da zona costeira cearense.Finalmente, as comunidades tradicionais litorâneas, indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de camponeses, usuárias ancestrais da biodiversidade e da diversidade de paisagens, dependentes diretamente da qualidade ambiental para a continuidade de suas atividades de subsistência,mais uma vez estão sendo submetidas a injustiças ambientais. Como estão cada vez mais articuladas com instituições de pesquisa, associações nacionais e internacionais de proteção do meio ambiente, devem ser amplamente consultadas e suas propostas de conservação e preservação dos ecossistemas costeiros,
plenamente incorporadas na tomada de decisão para a implantação das usinas eólicas, principalmente quando se constata a utilização inadequada de áreas de preservação permanente e a promoção de danos de elevada magnitude aos modos de vida comunitário e à base ecológica, cultural, histórica, simbólica e econômica que promovem a qualidade de vida e ambiental da zona costeira cearense.
Fortaleza, 17 de abril de 2008
Antonio
Jeovah de Andrade Meireles
Prof.
Dr. do Departamento de Geografia
Universidade
Federal do Ceará (UFC)
http://wp2.oktiva.com.br/portaldomar-bd/files/2010/08/usinasEolicas_impactos__CUMBE2.pd
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